segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Sippurei Chassidim - História - A Chave Mestra



Sippurei Chassidim -A Chave Mestra

De: Rabi S. Y. Zevins 
Adaptação: Yanki Tauber

Certo ano, Rabi Israel Báal Shem Tov disse a Rabi Ze'ev Kitzes, um de seus discípulos veteranos: "Você tocará o shofar para nós neste Rosh Hashaná. Quero que você estude todas as kavanot (meditações cabalistas) pertinentes ao shofar, para que medite sobre elas quando tocar."


Rabi Ze'ev aplicou-se à incumbência com júbilo e entusiasmo: júbilo pelo grande privilégio que lhe fora confiado e entusiasmo pela enorme responsabilidade. Estudou as obras cabalistas que discutiam o significado multifacetado do shofar e o que é atingido por seu som nos diversos níveis da realidade e nas várias câmaras da alma. Preparou também uma folha de papel na qual anotou o pontos principais de cada kavaná, para que pudesse referir-se a eles ao tocar o shofar.

Finalmente, chegou o grande momento. Era a manhã de Rosh Hashaná, e Rabi Ze'ev subiu à plataforma de leitura no centro da sinagoga do Báal Shem Tov em meio aos Rolos de Torá, cercado por um mar de corpos envoltos em talit. À uma mesa no canto leste da sala estava seu mestre, o Báal Shem Tov, o rosto abrasado. Um silêncio respeitoso preencheu o aposento em antecipação ao clímax do dia – os pungentes toques e soluços do shofar.

Rabi Ze'ev procurou no bolso e sentiu-se congelar: o papel tinha desaparecido! 

Ele lembrava-se perfeitamente de tê-lo colocado ali naquela manhã, porém não estava mais. Furiosamente, perscrutou a memória para lembrar-se daquilo que tinha aprendido, mas seu desgosto pelas anotações perdidas pareciam ter incapacitado seu cérebro: sua mente era um vazio total. Agora deveria tocar o shofar como se fosse um simples chifre, sem qualquer kavanot. 
Com desespero no coração, Rabi Ze'ev soprou a litania de sons exigidos pela lei e, evitando o olhar de seu mestre, voltou a seu lugar.

Na conclusão das preces do dia, o Báal Shem Tov abriu caminho até o canto onde Rabi Ze'ev estava sentado, soluçando sob o talit. "Gut Yom Tov, Reb Ze'ev!" disse ele – "foi simplesmente extraordinário o toque do shofar que ouvimos hoje!"

"Mas Rebe… Eu…"

"No palácio do rei" – disse o Báal Shem Tov – "há muitos portões e portas, levando a muitos salões e câmaras. Os zeladores do palácio têm grandes argolas com muitas chaves, e cada uma abre uma porta diferente. Mas há uma chave que entra em todas as fechaduras, uma chave mestra que abre todas as portas.

"As kavanot são chaves, cada qual destrancando outra porta em nossa alma, cada uma dando acesso a outra câmara nos mundos celestiais. Porém há uma chave que serve em todas as portas, que abre para nós as câmaras mais recônditas do palácio Divino. Aquela chave mestra é um coração partido."

Fonte:
http://www.chabad.org.br/