segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

História Chassidica - O Alimento de D'us

O Alimento de D'us
Relatado Pelo Rebe: 
Adaptado por Yanki Tauber

Em seus primeiros anos, antes de sair a público com seus ensinamentos transmitidos a discípulos que vinham de longe para aprender com ele, o fundador do Movimento Chassídico, Rabi Israel Báal Shem Tov era um viajante incansável.

Vestido como um simples aldeão, ele viajava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, fazendo perguntas: "Como vão as coisas?" ele costumava indagar ao aguadeiro curvado sob o peso dos baldes, à mulher do mercado cuidando de sua barraca, à criança brincando em frente da casa. "Há o suficiente para comer? Todos estão com saúde?"
"Baruch Hashem, tudo vai bem", ou "Graças ao Todo Poderoso, as coisas estão melhorando", respondiam os judeus simples, tementes a D'us, e o viajante partia com o andar aliviado de alguém que encontrara o que estava procurando.

Certo dia, Rabi Israel chegou a uma aldeia e foi até a casa de estudos. Ali, num canto, estava sentado um velho erudito debruçado sobre os livros, envolto em talit e tefilin. Era o porush (asceta) da aldeia, que levava uma vida de sagrada reclusão. Do nascer ao pôr-do-sol, nem um bocado de pão nem um gole de água passava pelos seus lábios; não falava com ninguém e jamais erguia os olhos dos livros sagrados. Durante mais de cinqüenta anos ele seguia este regime, totalmente removido dos cuidados mundanos da vida material.

Então, por que este estranho o estava incomodando? "Como vão as coisas?" ele estava perguntando. "Tem o suficiente para comer? Todos estão com saúde?" O asceta não deu resposta, esperando que o forasteiro se afastasse. Porém o estranho apenas se aproximou ainda mais, as perguntas ficando mais insistentes. O asceta, impaciente, fez um gesto para que ele se fosse, mostrando-lhe a porta.

"Rabi", o estranho perguntou então, "por que está negando a D'us o Seu meio de vida?"

As palavras tiveram o efeito desejado: o homem idoso demonstrou uma atenção indignada. "O que está dizendo?" perguntou numa voz trovejante. "Como ousa me incomodar com tamanha tolice blasfema?"

"Somente aquilo que o Rei David, o doce cantor de Israel, proclama em seus Salmos", respondeu o Báal Shem Tov. "Diga-me, Rabi, qual é o significado do versículo 'E Tu, o Bendito, que habita os louvores de Israel? 

"Nós seres mortais", continuou o Báal Shem Tov quando o porush não deu resposta, "subsistimos no sustento que D'us nos dá em Sua grande bondade. Mas com que D'us subsiste? Nos louvores de Israel! Quando um judeu pergunta a outro, 'Como vão as coisas' e seu amigo responde louvando e agradecendo ao Todo Poderoso, eles estão alimentando D'us, aprofundando Seu envolvimento com Sua criação."



Fonte:http://www.chabad.org.br/